Purple Day: dia mundial sobre a conscientização da Epilepsia
Postado em: 28/04/2025
Se você já ouviu falar do Purple Day, talvez saiba que ele tem tudo a ver com epilepsia. Mas nem todo mundo conhece a origem dessa data ou o quanto ela é importante para milhões de pessoas no mundo todo.

O Purple Day é mais do que uma campanha: é um convite para a gente falar abertamente sobre uma condição neurológica ainda cercada de mitos e preconceitos.
E é por isso que resolvi escrever sobre esse tema. Como neurologista, acompanho de perto pacientes com epilepsia, e sei o quanto a falta de informação pode atrapalhar o tratamento e afetar a vida das pessoas.
O Purple Day é uma oportunidade de transformar esse cenário e ampliar a empatia.
O que é o Purple Day?
O Purple Day é o Dia Mundial de Conscientização sobre a Epilepsia. Ele acontece em 26 de março e foi criado em 2008 por uma menina canadense chamada Cassidy Megan.
Ela tinha apenas nove anos quando decidiu que queria contar ao mundo como era viver com epilepsia. A ideia era simples: mostrar que não há nada de errado em ter epilepsia e que o preconceito é que precisa ser tratado.
Cassidy se sentia sozinha e incompreendida. Quando teve coragem de compartilhar sua história, descobriu que não era a única.
Foi assim que nasceu o Purple Day, que rapidamente ganhou apoio de instituições, profissionais de saúde, escolas e comunidades no mundo inteiro.
Neste vídeo no YouTube, compartilho mais sobre o tema. Clique aqui para assistir.
Por que a cor roxa?
Talvez você já tenha se perguntado o motivo da cor. O roxo, ou lilás, foi escolhido porque simboliza a solidão, um sentimento comum entre quem convive com epilepsia.
A proposta do Purple Day é justamente o oposto disso: mostrar que essas pessoas não estão sozinhas.
Ao vestir roxo, compartilhar informações ou participar de eventos, a gente mostra apoio, acolhimento e o desejo de criar um ambiente mais consciente e respeitoso. Pode parecer um gesto pequeno, mas tem um impacto enorme.
Epilepsia ainda é cercada de tabus
Apesar de ser uma condição comum, estima-se que uma em cada cem pessoas tenha epilepsia, ela ainda é envolta em desinformação.
Muita gente associa a doença apenas a convulsões, quando na verdade existem vários tipos de crises, nem todas com manifestações visíveis.
O Purple Day surge como uma forma de abrir esse diálogo. Muita gente nunca ouviu falar em crise de ausência, por exemplo, que é quando a pessoa “desliga” por alguns segundos.
Outros acham que a epilepsia é contagiosa, o que não é verdade. Ainda há quem pense que quem tem epilepsia não pode trabalhar, estudar ou viver normalmente.
Como o Purple Day ajuda na prática?
Falar sobre epilepsia com naturalidade é uma das principais formas de combate ao estigma. Quando participamos do Purple Day, estamos dizendo que estamos dispostos a escutar, aprender e acolher. Isso muda o dia a dia de quem convive com a doença.
1. Conscientização nas escolas
Um dos focos mais bonitos do Purple Day é o ambiente escolar. Crianças e adolescentes que têm epilepsia muitas vezes sofrem bullying ou são excluídos. Levar informação para dentro da escola é uma forma de criar ambientes mais seguros e empáticos.
2. Campanhas em empresas e comunidades
Locais de trabalho também são espaços onde o preconceito pode aparecer. O Purple Day ajuda a criar cultura de acolhimento, mostrando que a epilepsia não é uma limitação para a vida profissional.
O mesmo vale para igrejas, clubes, centros culturais e outros espaços sociais.
3. Apoio emocional para pacientes e famílias
Saber que existe um dia mundial voltado para a epilepsia é confortante para quem vive com ela. Muitos pacientes relatam que o Purple Day é o momento em que se sentem vistos. E isso faz toda a diferença na adesão ao tratamento e na autoestima.
Como participar do Purple Day?
Participar é mais simples do que parece. Não precisa fazer nada grandioso. Pode ser vestir uma camiseta roxa, postar uma informação confiável nas redes sociais, conversar com amigos sobre o tema ou perguntar ao seu profissional de saúde como ajudar.
Se você convive com epilepsia ou conhece alguém nessa situação, o Purple Day é uma oportunidade de acolher, de aprender mais e de mostrar que a pessoa não está sozinha. Às vezes, uma escuta atenta é o que mais importa.
O que ainda precisamos mudar
Apesar de todo avanço, o preconceito ainda é um desafio. Muitas pessoas escondem o diagnóstico por medo de rejeição. Outras deixam de procurar tratamento por não saber que há opções seguras e eficazes. É por isso que o Purple Day segue tão relevante.
Falar sobre epilepsia sem medo, com leveza e empatia, é o primeiro passo. E o segundo é se engajar, compartilhar conhecimento e apoiar campanhas que valorizam a vida de quem convive com essa condição.
Neste artigo, por exemplo, o assunto foi epilepsia em idosos, e dei minha contribuição ao artigo. Clique aqui para ler.
Conclusão
O Purple Day não é só uma data no calendário. É um lembrete de que a gente precisa falar mais, julgar menos e cuidar melhor. A epilepsia faz parte da vida de milhões de pessoas, e o conhecimento é a chave para transformar essa realidade.
Se você quiser saber mais sobre epilepsia, entender melhor o tratamento ou apenas conversar sobre o tema, pode contar comigo. E, todo dia 26 de março, se puder, vista roxo. Pode ser um gesto pequeno, mas representa algo muito maior.
Dra. Camila Hobi
Neurologista
CRM-SP: 128892 | RQE: 34913