O Que É Epilepsia? Entenda os Fundamentos

Postado em: 31/07/2024

A Epilepsia é um distúrbio neurológico que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo, caracterizado por uma tendência à recorrência de convulsões.

Essas convulsões resultam de descargas elétricas excessivas em um grupo de células cerebrais. 

A variedade de convulsões pode variar significativamente, influenciando de maneira diversa o comportamento, movimentos ou sensações do indivíduo por um curto período de tempo. 

Este artigo se propõe a esclarecer os fundamentos da epilepsia, desvendando suas causas, os diferentes tipos de convulsões e as opções de tratamento disponíveis. Continue sua leitura para conferir!

Entendendo a epilepsia

A Epilepsia não se restringe a uma única condição, mas sim a uma complexa variedade de distúrbios convulsivos e crises epilépticas

A classificação das convulsões é essencial para compreender a epilepsia, dividindo-se principalmente em dois tipos: 

  • Convulsões Focais: Iniciam-se em uma área específica do cérebro e podem ser conscientes, onde o indivíduo está ciente durante a convulsão, ou inconscientes. Alguns sintomas incluem movimentos involuntários de uma parte do corpo, alterações sensoriais e até mesmo a experiência de fenômenos psicológicos incomuns.
  • Convulsões Generalizadas: Afetam todo o cérebro desde o início da convulsão. Este tipo pode variar desde convulsões tônico-clônicas, que envolvem contrações musculares vigorosas, caracterizadas por breves episódios de perda de consciência.

A neurobiologia da epilepsia

No núcleo da epilepsia reside uma disfunção fundamental na atividade elétrica do cérebro. 

Os neurônios, células especializadas que transmitem sinais elétricos, dependem de um equilíbrio delicado entre excitação e inibição para funcionar corretamente. Na epilepsia, este equilíbrio é significativamente perturbado, resultando em episódios de atividade elétrica excessiva e desorganizada, conhecidos como convulsões.

A compreensão moderna da epilepsia se estende além dos neurônios para incluir a glia, um grupo de células que desempenham funções críticas de suporte no ambiente neural. A glia inclui vários tipos de células, como astrócitos, oligodendrócitos e microglias, cada uma com funções especializadas que são essenciais para a manutenção da homeostase neural. 

Os astrócitos, por exemplo, regulam a concentração de neurotransmissores e íons no espaço extracelular, o que pode influenciar diretamente a excitabilidade neuronal.

Pesquisas recentes têm evidenciado que alterações na função ou na estrutura da glia podem contribuir para a epileptogênese – o processo pelo qual um cérebro normal se torna epiléptico

Distúrbios na regulação dos íons, como sódio e potássio, e desequilíbrios nos neurotransmissores, particularmente glutamato e GABA (ácido gama-aminobutírico), estão frequentemente envolvidos. 

O glutamato, que é o principal neurotransmissor excitatório, e o GABA, o principal inibitório, estão em uma dinâmica constante que mantém a atividade cerebral ordenada. 

Na epilepsia, essa dinâmica é alterada, levando a um estado de hiperexcitabilidade neuronal.

Além disso, a inflamação cerebral também desempenha um papel na epilepsia. Os componentes da glia, especialmente a microglia, são ativados em resposta a danos ou doenças no cérebro, liberando citocinas e outros mediadores inflamatórios que podem alterar a função neuronal e aumentar a susceptibilidade a convulsões.

Essa visão expandida da neurobiologia da epilepsia não apenas esclarece como as convulsões são desencadeadas e mantidas, mas também abre novas avenidas para possíveis terapias

Ao visar componentes específicos da disfunção glial ou modulando a atividade dos neurotransmissores, novos tratamentos podem oferecer melhor controle das convulsões e menos efeitos colaterais para os pacientes com epilepsia. 

As terapias futuras poderão cada vez mais se concentrar em restaurar a normalidade do ambiente neural, oferecendo esperança para um controle mais eficaz da doença.

Causas da epilepsia

As causas da epilepsia são multifacetadas, podendo incluir lesões cerebrais resultantes de traumas, infecções cerebrais, tumores, doenças genéticas, ou até mesmo serem desconhecidas, classificadas como idiopáticas. 

Em muitos casos, a epilepsia é considerada uma condição genética, onde a predisposição a convulsões é herdada. No entanto, fatores ambientais e de estilo de vida também podem influenciar o risco de desenvolvimento da condição.

O diagnóstico e tratamento da epilepsia 

O diagnóstico da epilepsia é fundamentalmente clínico, complementado por exames como a ressonância magnética (RM) e o eletroencefalograma (EEG), que auxiliam na localização das áreas cerebrais envolvidas e na caracterização das convulsões. 

Uma vez diagnosticada, a epilepsia pode ser tratada através de uma combinação de medicamentos antiepilépticos, cirurgia cerebral, dietas especiais como a cetogênica, e/ou neuroestimulação.

A seleção do tratamento depende de vários fatores, incluindo o tipo e frequência das convulsões, idade, estilo de vida, e possíveis efeitos colaterais. 

Para muitos, os medicamentos antiepilépticos podem controlar eficazmente as convulsões. No entanto, cerca de 30% dos pacientes podem ter uma forma de epilepsia resistente ao tratamento, necessitando de alternativas terapêuticas.

Vivendo com epilepsia

Viver com EPILEPSIA implica enfrentar desafios diários, desde o manejo das convulsões até a superação de estigmas sociais. 

A educação e o apoio são cruciais tanto para os pacientes quanto para suas famílias, promovendo uma melhor qualidade de vida e a integração social

Grupos de apoio e associações dedicadas podem fornecer recursos valiosos e uma comunidade de suporte.

Concluindo, a epilepsia é uma condição com amplas ramificações, afetando indivíduos de maneiras distintas. Apesar dos desafios, os avanços no diagnóstico e no tratamento têm proporcionado esperança e melhorado significativamente a qualidade de vida das pessoas com essa condição. 

Se você está buscando ajuda especializada para tratar essa condição, entre em contato e agende sua consulta para conversarmos melhor! Será um prazer te acompanhar.

Dra. Camila Hobi
Neurologista
CRM 128892 | RQE 34913

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