Epilepsia resistente a medicamentos: Estratégias de manejo

Postado em: 16/01/2025

Epilepsia resistente a medicamentos Estratégias de manejo

A Epilepsia resistente a medicamentos, também chamada de epilepsia refratária, ocorre quando as crises epilépticas persistem, mesmo após o uso de dois ou mais medicamentos antiepilépticos adequados, em doses corretas e por tempo suficiente. 

Essa condição afeta cerca de 30% dos pacientes com epilepsia e representa um grande desafio para o tratamento. 

Nesses casos, é necessário recorrer a estratégias de manejo avançadas, que incluem intervenções cirúrgicas, terapias alternativas e abordagens multidisciplinares.

Neste artigo, vou apresentar algumas das principais estratégias de manejo para pacientes com epilepsia resistente a medicamentos, destacando as opções disponíveis para melhorar o controle das crises e a qualidade de vida.

Continue a leitura para conferir!

Diagnóstico da epilepsia refratária

O primeiro passo no manejo da epilepsia resistente a medicamentos é confirmar o diagnóstico. 

Muitas vezes, crises epilépticas podem ser confundidas com outros distúrbios, como síncopes ou crises psicogênicas. 

Para isso, o neurologista realiza uma avaliação detalhada, utilizando exames como:

  • Eletroencefalograma (EEG): identifica padrões elétricos anormais no cérebro.
  • Ressonância magnética (RM): detecta lesões ou alterações estruturais associadas à origem das crises.
  • Vídeo-EEG prolongado: correlaciona as manifestações físicas das crises com a atividade elétrica cerebral, garantindo um diagnóstico mais preciso.

Estratégias de manejo da epilepsia resistente a medicamentos

Quando o uso de medicamentos não é suficiente, outras estratégias devem ser consideradas. 

confira algumas das principais abordagens!

1. Cirurgia da epilepsia

A cirurgia é uma das opções mais eficazes para o tratamento da epilepsia refratária, principalmente em casos de crises focais. 

O objetivo é remover ou desconectar a área cerebral responsável pela origem das crises, chamada de foco epiléptico. 

Entre os procedimentos mais comuns estão:

  • Lobectomia temporal: indicada para crises originadas no lobo temporal.
  • Hemisferectomia: usada em casos graves, envolvendo um hemisfério cerebral.
  • Calosotomia: desconecta as conexões entre os hemisférios para reduzir a propagação das crises.

O sucesso da cirurgia depende de uma avaliação criteriosa com exames de imagem e monitoramento prolongado, sendo indicada apenas em casos bem selecionados.

2. Dieta cetogênica

A dieta cetogênica é uma abordagem nutricional que tem demonstrado eficácia no controle de crises em casos de epilepsia refratária, especialmente em crianças. 

Ela consiste em uma dieta rica em gorduras, com baixo teor de carboidratos e proteínas moderadas, que induz a produção de corpos cetônicos, substâncias que atuam como fonte de energia alternativa para o cérebro.

Embora não seja totalmente compreendido, acredita-se que os corpos cetônicos ajudem a estabilizar a atividade elétrica cerebral, reduzindo a frequência das crises.

É importante que essa dieta seja aderida apenas sob orientação profissional adequada.

3. Estimulação do nervo vago (ENV)

A estimulação do nervo vago é uma terapia minimamente invasiva, indicada para pacientes que não são candidatos à cirurgia. 

Consiste na implantação de um dispositivo que emite pulsos elétricos para o nervo vago, ajudando a reduzir a frequência e intensidade das crises ao modular a atividade cerebral.

4. Terapias experimentais

Novas abordagens estão em desenvolvimento para o manejo da epilepsia refratária, como:

  • Estimulação cerebral profunda (DBS): envia estímulos elétricos diretamente ao cérebro.
  • Terapias genéticas e medicamentos inovadores: pesquisas buscam novas drogas que atuem em alvos específicos para melhorar o controle das crises.

Abordagem multidisciplinar no manejo da epilepsia

O sucesso no manejo da epilepsia resistente a medicamentos muitas vezes envolve uma abordagem multidisciplinar. 

Além do neurologista, pode ser muito benéfico contar com profissionais como nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas. 

O suporte emocional e as mudanças no estilo de vida, como evitar gatilhos para crises (falta de sono, estresse), também desempenham um papel importante no controle da condição.

A “Epilepsia“ resistente a medicamentos exige estratégias de manejo personalizadas e multidisciplinares. Cirurgia, dieta cetogênica e terapias como a estimulação do nervo vago são algumas das opções para pacientes que não respondem aos medicamentos. 

Com o acompanhamento especializado e a aplicação dessas estratégias, é possível proporcionar maior controle das crises e melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Agende uma consulta para conversarmos com mais detalhes!

Dra. Camila Hobi
Neurologista
CRM 128892 | RQE 34913

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