Efeito do EEG na personalização de tratamentos para Epilepsia Refratária

Postado em: 07/05/2025

O Eletroencefalograma (EEG) é um dos exames mais importantes que utilizo na prática clínica para avaliar a atividade elétrica cerebral.

Efeito do EEG na Personalização de Tratamentos para Epilepsia Refratária

Embora seja conhecido como uma ferramenta de diagnóstico inicial, o EEG é essencial também no acompanhamento e na personalização dos tratamentos, especialmente nos casos de epilepsia refratária — quando o controle das crises se torna mais desafiador.

Neste artigo, quero mostrar como o EEG, principalmente em suas versões prolongadas e com o apoio de novas tecnologias, transforma a abordagem no tratamento da epilepsia de difícil controle, permitindo oferecer a cada paciente a melhor estratégia terapêutica.

O que é epilepsia refratária?

Chamamos de epilepsia refratária os casos em que as crises epilépticas persistem mesmo após o uso adequado de, pelo menos, dois medicamentos antiepilépticos diferentes.

Essa condição afeta uma parcela significativa dos pacientes com epilepsia e pode impactar diretamente a qualidade de vida, prejudicando a autonomia, o bem-estar emocional e a capacidade de realizar atividades cotidianas.

Identificar precocemente que estamos diante de uma epilepsia refratária é fundamental para adaptar a abordagem terapêutica de maneira mais eficaz. É justamente aqui que o eletroencefalograma assume um papel decisivo.

Como o EEG contribui para a personalização do tratamento?

O eletroencefalograma (EEG) não apenas confirma a presença de atividade epiléptica, mas também fornece informações valiosas que orientam toda a estratégia terapêutica.

A seguir, explico como o exame contribui para um tratamento realmente individualizado:

1. Identificação de padrões elétricos persistentes

Em muitos casos, as crises não se manifestam de forma visível, mas o EEG detecta descargas elétricas anormais entre os episódios clínicos, inclusive durante o sono.

Esses achados são cruciais para reconhecer a atividade epiléptica persistente, mesmo na ausência de novos relatos de crises.

2. Classificação do tipo de epilepsia

O EEG permite distinguir se a epilepsia é focal, generalizada ou multifocal. Essa diferenciação é muito importante, pois influencia tanto a escolha dos medicamentos quanto a avaliação da necessidade de cirurgia ou de terapias alternativas.

3. Avaliação da resposta ao tratamento

Após o início ou ajuste de uma medicação, o EEG pode ser utilizado para monitorar a resposta, verificando a redução da atividade elétrica anormal.

Isso possibilita ajustes terapêuticos mais precoces, muitas vezes antes mesmo do surgimento de novas crises.

Quando indico o EEG prolongado na epilepsia refratária?

Em alguns casos, o EEG de rotina não é suficiente para detectar todas as alterações. Nessas situações, recorro ao EEG prolongado, que pode durar de algumas horas até vários dias, conforme a necessidade de cada paciente.

As principais indicações para o EEG prolongado são:

  • Investigação de crises noturnas ou eventos sutis;
  • Avaliação de pacientes que apresentam crises infrequentes difíceis de registrar em exames curtos;
  • Planejamento de cirurgias de epilepsia, para localizar com precisão a área de origem das crises;
  • Confirmação da atividade epiléptica persistente em casos de dúvida clínica.

Esse tipo de monitoramento prolongado aumenta a sensibilidade do exame, principalmente para alterações que surgem durante o sono ou em estados de relaxamento profundo.

Inovações no EEG: mais conforto e eficiência para o tratamento da epilepsia

A tecnologia evoluiu de forma expressiva nos últimos anos, e hoje é possível contar com recursos que otimizam ainda mais o diagnóstico e o acompanhamento da epilepsia. Algumas das inovações que aplico na prática clínica incluem:

  • Softwares de análise automática de EEG, que identificam padrões sutis de atividade epiléptica com maior precisão e agilidade;
  • Monitorização ambulatorial prolongada, permitindo que o paciente realize o EEG em casa, por 24 a 72 horas, em seu ambiente habitual, aumentando a chance de registrar eventos espontâneos;
  • Integração de vídeo-EEG, associando as imagens do paciente ao traçado eletroencefalográfico, essencial para uma correlação clínica precisa em casos de crises sutis ou atípicas.

Esses avanços oferecem uma nova dimensão ao tratamento da epilepsia refratária, proporcionando mais conforto ao paciente e dados mais detalhados para decisões médicas seguras e personalizadas.

A importância de uma abordagem personalizada

Cada paciente com epilepsia refratária apresenta uma história única, manifestações específicas e respostas distintas ao tratamento.

Utilizar o eletroencefalograma de forma estratégica me permite construir planos terapêuticos personalizados, buscando sempre o melhor equilíbrio entre:

  • Controle das crises;
  • Qualidade de vida;
  • Redução de efeitos adversos.

Além disso, a interpretação do EEG deve ser feita de forma integrada à história clínica, aos exames de imagem e à experiência do neurologista especialista em epilepsia — um trabalho que realizo com atenção e cuidado, visando oferecer a cada paciente o que há de melhor na neurologia atual.

O EEG como aliado no tratamento da epilepsia refratária

O eletroencefalograma é muito mais do que um exame diagnóstico. Na epilepsia refratária, ele é um aliado fundamental para compreender em profundidade o funcionamento cerebral e direcionar um tratamento individualizado.

Se você ou alguém próximo enfrenta dificuldades no controle da epilepsia, estou à disposição para uma avaliação cuidadosa e personalizada.

Entre em contato e agende sua consulta. Vamos juntos buscar a melhor estratégia para o seu tratamento e para sua saúde neurológica. 

Dra. Camila Hobi
Neurologista
CRM-SP: 128892 | RQE: 34913

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