Como diagnosticar Epilepsia do Lobo Temporal
Postado em: 02/12/2024
A Epilepsia do Lobo Temporal é uma das formas mais comuns de epilepsia focal, porém frequentemente subdiagnosticada.
As crises geradas por essa condição apresentam características únicas, muitas vezes desconhecidas até mesmo por neurologistas.
Esse desconhecimento pode atrasar significativamente o diagnóstico, impactando a qualidade de vida do paciente e aumentando o risco de preconceitos associados à condição.
O atraso no diagnóstico é um problema recorrente em casos de epilepsia do lobo temporal.
Muitos pacientes enfrentam anos de sintomas antes de serem corretamente identificados e tratados.
É fundamental reconhecer os sinais específicos dessa condição para garantir um manejo mais eficaz e humanizado.
Continue a leitura deste artigo e saiba mais sobre o assunto!
Entendendo a epilepsia do lobo temporal
A “Epilepsia do Lobo Temporal“ é causada por alterações em uma região do cérebro responsável por funções como memória e emoções.
Essa localização específica influencia diretamente os sintomas das crises, que podem variar desde sensações sutis até manifestações mais complexas.
Alguns possíveis sintomas são:
- Déjà vu ou jamais vu: Sensação de já ter vivido uma situação ou, inversamente, de total estranheza em relação ao ambiente familiar.
- Alterações emocionais: Sentimentos intensos de medo, alegria ou tristeza sem causa aparente.
- Alucinações sensoriais: Visuais, auditivas ou olfativas, como ouvir sons inexistentes ou sentir cheiros incomuns.
- Automatismos: Movimentos repetitivos e involuntários, como mastigar ou manipular objetos.
- Perda de consciência parcial: Durante uma crise, o paciente pode parecer acordado, mas estar desconectado da realidade.
Exemplo de sintoma possível e pouco considerado
Esse tipo de epilepsia também pode apresentar outros sintomas, inclusive alguns que, a princípio, não parecem ter nenhuma relação com questões cerebrais.
Um exemplo são as crises de Aura Epigástrica Ascendente: uma sensação que se inicia na “boca” do estômago e pode subir para a cabeça.
Muitos profissionais não percebem que essas crises estão relacionadas a um quadro epiléptico, sendo que uma das minhas pacientes, por exemplo, levou cerca de 50 anos para ser corretamente diagnosticada.
Esse é apenas um exemplo de um sintoma possível, mas pouco considerado, o que mostra o quanto é importante se informar sobre o assunto e buscar especialistas qualificados, que se aprofundem verdadeiramente em cada caso.
Por que o diagnóstico é desafiador?
O diagnóstico da epilepsia do lobo temporal frequentemente enfrenta barreiras devido à semelhança dos sintomas com outras condições médicas ou psicológicas.
Sensações de déjà vu, por exemplo, podem ser interpretadas como episódios de ansiedade, enquanto as alterações emocionais podem ser confundidas com transtornos psiquiátricos.
Outro desafio é que, neste tipo de epilepsia, os exames cerebrais, como a ressonância e o eletroencefalograma, podem apresentar resultados “normais”, como se o paciente não tivesse a condição.
Essa confusão leva a uma demora no reconhecimento do problema, prejudicando o paciente de diversas formas:
- Impacto na qualidade de vida: Sem tratamento adequado, as crises continuam a ocorrer, afetando o trabalho, os relacionamentos e o bem-estar.
- Risco de estigmatização: O comportamento incomum durante as crises pode gerar preconceitos e exclusão social.
- Progressão da doença: A epilepsia não tratada pode evoluir, tornando-se mais resistente ao tratamento.
Como diagnosticar corretamente
Diagnosticar a epilepsia do lobo temporal exige uma avaliação detalhada, com base nos sintomas, exames complementares e histórico médico do paciente.
Entre as minhas dicas para pacientes estão:
- Descrição das crises: Detalhar o que acontece antes, durante e após a crise ajuda o médico a identificar padrões específicos.
- Monitoramento prolongado: Em casos mais complexos, o paciente pode ser internado para registro contínuo das crises.
- Busque por médicos com atendimento humanizado e personalizado: Como comentei anteriormente, é muito importante que os médicos tenham um olhar personalizado e individualizado para cada paciente, entendendo que cada um tem um próprio universo e seu quadro é único, podendo ter origens e características muito variadas.
As orientações de especialistas são cruciais para evitar diagnósticos equivocados.
Por outro lado, estudos apontam que até 20% dos casos inicialmente tratados como epilepsia são, na verdade, outras condições, como síncope ou transtornos psicogênicos.
A conscientização sobre a epilepsia do lobo temporal é essencial para reduzir o preconceito e oferecer um diagnóstico mais ágil. Profissionais precisam estar atentos e abertos às particularidades e peculiaridades de cada caso.
Convido você a visitar meu site para mais informações sobre a epilepsia e neurologia. Também fico à disposição para marcarmos uma consulta: você pode agendar seu horário pelo WhatsApp!
Dra. Camila Hobi
Neurologista
CRM 128892 | RQE 34913
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