Atividade Física e Epilepsia
Postado em: 09/06/2025
Uma dúvida comum no consultório é se quem tem Epilepsia pode praticar Exercício Físico e se precisa de liberação do neurologista. Essa preocupação ainda existe por conta de mitos sobre limitações associadas à condição.
Com base em evidências recentes e na minha prática clínica, reforço que a atividade física é segura e recomendada para a maioria dos pacientes com epilepsia.
O exercício regular traz benefícios como redução do estresse, melhora do sono, bem-estar emocional e qualidade de vida, além de auxiliar no controle das crises.
Os cuidados devem ser adaptados a cada paciente, considerando o controle das crises e evitando práticas de risco, como esportes radicais ou natação sem supervisão, principalmente em casos de epilepsia descompensada.
Ao longo deste artigo, você vai entender como se exercitar com segurança, quais práticas exigem mais atenção e por que o movimento é um aliado importante no tratamento da epilepsia.
Exercício é saúde também para quem tem epilepsia
A prática regular de atividade física oferece benefícios reconhecidos para o corpo e o cérebro — e isso inclui, com segurança, as pessoas que convivem com epilepsia.

Estudos científicos reforçam que o exercício físico contribui para a redução do estresse, um dos principais gatilhos para crises epilépticas, melhora a qualidade do sono, fortalece o sistema cardiovascular, promove o equilíbrio emocional e aumenta a sensação de bem-estar geral.
Além desses efeitos, o exercício estimula a neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de se reorganizar e se adaptar. Esse fator é relevante em condições neurológicas crônicas, como a epilepsia.
Na prática clínica, é comum observar pacientes relatando diminuição na frequência das crises após a inclusão de atividades físicas moderadas na rotina — sempre com acompanhamento adequado.
É verdade que preciso de liberação médica para me exercitar?
Muitas academias, escolas ou centros esportivos solicitam um atestado médico para autorizar a prática de exercícios em indivíduos com epilepsia. Essa exigência tem caráter legal e preventivo, mas não representa uma contraindicação clínica na maioria dos casos.
Se você está com a epilepsia controlada, sem crises recentes e realiza acompanhamento neurológico regular, não há impedimento para a prática de exercícios físicos.
Nesses casos, a “liberação do neurologista” é apenas um documento formal que confirma a estabilidade clínica do quadro.
O mais importante é não permitir que o medo limite sua liberdade de se movimentar. A atividade física faz parte do tratamento da epilepsia, contribuindo tanto para o controle das crises quanto para a saúde geral.
Quais atividades físicas são seguras para quem tem epilepsia?
De modo geral, atividades de baixo a moderado impacto são seguras para quem tem epilepsia controlada. Entre as opções que podem ser incluídas na rotina, destaco:
- Caminhadas regulares;
- Corrida leve;
- Musculação com supervisão profissional;
- Yoga e pilates;
- Dança recreativa;
- Ciclismo leve em ambiente seguro;
- Natação com acompanhamento;
- Esportes coletivos recreativos (sem contato intenso).
Quais atividades requerem mais cautela ou são contraindicadas?
Algumas práticas devem ser avaliadas com mais cuidado, especialmente se o paciente está com epilepsia descompensada — ou seja, com crises frequentes e ainda sem controle adequado.
Nestes casos, as atividades de risco elevado são temporariamente contraindicadas, como:
- Esportes radicais (escalada, rafting, paraquedismo e mountain bike);
- Mergulho em águas profundas;
- Natação sem supervisão direta;
- Atividades em grandes altitudes ou com risco de queda grave.
Essas restrições não significam que o paciente será impedido permanentemente de se exercitar, mas sim que o plano de atividade precisa ser adaptado à condição neurológica atual.
O importante é que o exercício seja visto como um componente ativo do tratamento da epilepsia, e não como algo a ser evitado.
Monitoramento com EEG: quando é indicado?
Se houver dúvidas sobre o controle das crises, podemos solicitar um eletroencefalograma (EEG) — tradicional, prolongado ou com vídeo — para avaliar a atividade elétrica cerebral em diferentes situações.
Isso ajuda a:
- Confirmar o diagnóstico;
- Avaliar o controle clínico;
- Indicar com mais precisão quais atividades físicas são seguras.
Comunicação entre neurologista e educador físico
É essencial manter o diálogo entre o neurologista e o profissional de educação física. Informar sobre o diagnóstico, tipo de crise e uso de medicação permite um treino mais seguro e adaptado.
Em crianças e adolescentes, essa comunicação deve envolver também escolas e cuidadores, promovendo participação ativa nas atividades com segurança e autonomia.
Movimento com responsabilidade, segurança e autonomia
A mensagem mais importante é: exercício é saúde para quem tem epilepsia também. Ele pode — e deve — ser incluído na rotina sempre que possível, desde que com avaliação individualizada, atenção ao contexto clínico e apoio de profissionais preparados.
Se você tem epilepsia e deseja começar ou retomar a prática de atividade física, estou à disposição para te orientar de forma segura e personalizada.
Agende uma consulta comigo. Vamos juntos encontrar o melhor caminho para unir movimento, bem-estar e controle neurológico, com segurança e qualidade de vida.
Dra. Camila Hobi
Neurologista
CRM-SP: 128892 | RQE: 34913
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