Aspectos históricos da epilepsia

Postado em: 21/04/2025

Se tem um tema que atravessa os séculos e carrega uma bagagem enorme de histórias, mitos e transformações, esse tema é a epilepsia. Ao longo do tempo, essa condição neurológica foi interpretada de formas muito diferentes. 

Aspectos históricos da epilepsia

Em algumas épocas, considerada uma doença misteriosa, em outras, vista como algo divino ou até demoníaco. 

Mas o que sabemos hoje é que a epilepsia é uma condição médica como qualquer outra, e compreender sua história nos ajuda a combater preconceitos e melhorar o cuidado com os pacientes.

Muitas pessoas ainda carregam ideias ultrapassadas sobre a epilepsia, e por isso é importante olhar para o passado e entender como essa visão mudou ao longo dos séculos. 

O que antes era um mistério agora é compreendido pela neurociência. Vamos fazer essa viagem no tempo e descobrir como a epilepsia foi vista e tratada em diferentes momentos da história?

Epilepsia na Antiguidade: entre deuses e demônios

A epilepsia é uma das condições médicas mais antigas registradas. Há descrições dela em textos da Babilônia, Egito Antigo, Grécia e Roma. Em cada civilização, a interpretação da epilepsia variava conforme as crenças e conhecimentos da época.

1. Epilepsia na Babilônia

Os registros mais antigos sobre a epilepsia datam de cerca de 2000 a.C., em tabletes babilônicos. Nesses documentos, a epilepsia era chamada de “doença sagrada” e atribuída às ações de deuses ou demônios. 

Cada tipo de crise epiléptica era associado a um espírito diferente, e o tratamento envolvia rituais e preces para afastar as entidades malignas.

2. Epilepsia no Egito Antigo

No Egito, registros de pêpiros médicos indicam que os egípcios já identificavam a epilepsia como uma condição do cérebro. No entanto, como os conhecimentos sobre neurociência eram limitados, a doença ainda era tratada com amuletos e rituais de purificação.

3. Hipócrates e a revolução na medicina

Na Grécia Antiga, Hipócrates (460-370 a.C.), considerado o pai da medicina, desafiou as crenças da época ao afirmar que a epilepsia não era uma doença espiritual, mas sim uma condição neurológica. 

Em seu livro “Da Doença Sagrada”, ele escreveu que a epilepsia era causada por alterações no cérebro e deveria ser tratada com medidas médicas, e não com exorcismos. Foi um grande avanço para a época, mas suas ideias levariam muito tempo para serem aceitas.

Epilepsia na Idade Média: o estigma se intensifica

Durante a Idade Média, a ciência ficou em segundo plano e a interpretação mística da epilepsia voltou com força. A Igreja via as crises epilépticas como sinais de possessão demoníaca ou maldição. 

Pessoas com epilepsia eram muitas vezes excluídas da sociedade, e em casos mais extremos, acusadas de bruxaria e perseguidas.

Tratamentos nessa época envolviam rituais religiosos, purificações e até mesmo tentativas de exorcismo. Infelizmente, essa visão aumentou o preconceito contra as pessoas com epilepsia, um estigma que levou séculos para ser desconstruído.

Epilepsia na Era Moderna: avanços na ciência

Foi apenas nos séculos XVII e XVIII que a ciência começou a retomar o estudo do cérebro e das doenças neurológicas. 

O médico britânico Thomas Willis (1621-1675) foi um dos primeiros a descrever a epilepsia de maneira mais científica, sugerindo que era causada por alterações no sistema nervoso.

No século XIX, com o avanço da neurologia, surgiram os primeiros medicamentos para tratar a epilepsia. A descoberta do brometo como tratamento ajudou muitos pacientes a controlar as crises, marcando um novo período na história da doença.

Epilepsia nos tempos atuais: mais compreensão e tratamento

Hoje, sabemos muito mais sobre a epilepsia do que em qualquer outro momento da história. Com exames avançados, como a ressonância magnética e o eletroencefalograma (EEG), conseguimos identificar diferentes tipos de epilepsia e personalizar os tratamentos.

Os medicamentos evoluíram e, em muitos casos, permitem que o paciente leve uma vida normal. Para casos mais graves, há opções como a cirurgia e a estimulação do nervo vago. Ainda assim, o estigma e a desinformação sobre a epilepsia persistem, e parte do nosso papel como profissionais de saúde é ajudar a mudar essa realidade.

Conclusão

A história da epilepsia é um reflexo da evolução do conhecimento humano. Passamos de explicações sobrenaturais para uma abordagem científica e humanizada. 

No entanto, ainda há muito o que fazer para garantir que todas as pessoas com epilepsia recebam o tratamento adequado e vivam sem preconceitos.

Se você ou alguém próximo tem epilepsia, saiba que há muitas opções de tratamento e que a informação é uma grande aliada. Vamos continuar essa conversa e ajudar a construir um futuro com mais compreensão e qualidade de vida para todos! Clique aqui e fale comigo.

Dra. Camila Hobi
Neurologista
CRM-SP: 128892 | RQE: 34913


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