Epilepsia em mulheres

Postado em: 16/09/2024

A Epilepsia é uma condição neurológica que afeta homens e mulheres de todas as idades, mas há aspectos particulares dessa condição que são exclusivos das mulheres. 

Desde as interações hormonais que afetam as crises até as preocupações com a gravidez e a fertilidade, as mulheres com epilepsia enfrentam desafios únicos que necessitam de uma abordagem cuidadosa e personalizada.

Neste artigo vou trazer algumas considerações essenciais sobre o assunto. Continue a leitura para conferir!

A influência dos ciclos hormonais na epilepsia

Hormônios como estrogênio e progesterona têm um impacto significativo na atividade neuronal. 

O estrogênio pode aumentar a excitabilidade neuronal, enquanto a progesterona tem efeitos anticonvulsivantes. Isso significa que as flutuações hormonais do ciclo menstrual podem afetar a frequência e a severidade das crises epilépticas, um fenômeno conhecido como epilepsia catamenial.

De forma resumida, o manejo da epilepsia catamenial envolve considerar o ciclo menstrual na prescrição de antiepilépticos e no cuidado com as crises, por exemplo.

Desafios da epilepsia durante a gravidez

A gravidez em mulheres com epilepsia requer planejamento e coordenação cuidadosos. As mudanças hormonais e físicas podem alterar a forma como o corpo metaboliza os medicamentos, exigindo ajustes na dosagem. 

Além disso, há o risco de teratogenicidade associado a certos antiepilépticos, que pode afetar o desenvolvimento fetal.

Intersecção entre epilepsia e distúrbio psiquiátricos

Mulheres com epilepsia têm maior probabilidade de enfrentar condições psiquiátricas como depressão e ansiedade. 

A relação entre epilepsia e saúde mental é complexa e bidirecional, com as crises epilépticas e a medicação antiepiléptica podendo influenciar o estado psicológico.

Os desafios relacionados a métodos contraceptivos

Outro ponto de cuidado indispensável para as mulheres com epilepsia diz respeito à escolha dos métodos contraceptivos.

É importante saber que medicamentos antiepilépticos muitas vezes reduzem ou cortam efeitos de anticoncepcionais orais. Da mesma forma, métodos contraceptivos orais podem cortar ou reduzir os efeitos de medicamentos antiepilépticos.

Grande parte das mulheres ainda não têm acesso a essas informações, inclusive por negligência de muitos profissionais da medicina. 

É fundamental saber disso e procurar um médico qualificado para conversar, escolhendo as melhores medicações neurológicos e ginecológicos, de forma que eles não se prejudiquem entre si.

Desafios sociais e de informação

O estigma associado à epilepsia pode ser particularmente desafiador para as mulheres, influenciando suas interações sociais, oportunidades de emprego e vida pessoal. 

A educação e a conscientização sobre a epilepsia são fundamentais para superar esses estereótipos e promover uma sociedade mais inclusiva:

  • Promoção da conscientização:Programas educativos: São interessantes para escolas, locais de trabalho e comunidades para melhorar a compreensão pública da epilepsia.
  • Suporte comunitário: Grupos de apoio podem oferecer um espaço seguro para discussão e compartilhamento de experiências.

As mulheres com epilepsia enfrentam desafios específicos que exigem uma abordagem atenta e personalizada. Ao entender as interações entre a epilepsia e essas questões, profissionais de saúde podem oferecer melhores cuidados e suporte. 

Será um prazer conversar sobre suas particularidades durante uma consulta. Convido você a agendar um horário para discutirmos os melhores cuidados para sua saúde, considerando essa perspectiva integrada.

Dra. Camila Hobi
Neurologista
CRM 128892 | RQE 34913

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